Este ano está sendo uma festa para a mídia, olha só: tivemos a Olimpíada, depois as eleições no Brasil, a falta de gasolina, Obras da Copa, as eleições nos EUA. Quando a bola baixa temos o aquecimento
global para ocupar o espaço. E "♫vem que esta chegando o natal.♫". As tiragens e a audiência estão garantidas pela
alimentação diária da percepção de que estamos em risco. Medo. Como agora, com a
crise econômica.
Vou adaptar uma comparação que ouvi anos atrás, olha só: a Praça de São Marcos
em Veneza é um dos mais populares pontos turísticos do mundo. Pelo significado
histórico, pela arquitetura, pelos monumentos e pelos... pombos . Milhares de
pombos que vivem por lá comendo das mãos dos turistas. De vez em quando uma
criança ou um adulto espírito-de-porco faz "buuuuu!!". E as pombas saem voando.
Como são desconfiadas, quando uma voa assustada todas as demais seguem numa
revoada barulhenta.
E por algum tempo a praça fica vazia.
Aos pouquinhos as pombas começam a retornar, ainda amedrontadas e mais desconfiadas. Até sentir que o perigo passou. Então a Praça continua em festa.
A Praça, os monumentos, os turistas, os vendedores, os moradores, os
trabalhadores, todos sofrem com as pombas. Mas elas são necessárias. Dão vida à
praça, tornaram-se uma marca registrada e o que Veneza fez foi aprender a
conviver com elas, com a sujeira, com o barulho, com a impertinência.
De tempos em tempos algumas medidas devem ser tomadas para controlar a superpopulação, para evitar que as doenças se espalhem e que prejuízos sejam causados à praça e às pessoas. É quando alguns pombos têm que ser abatidos. Mas esse é o preço do equilíbrio naquele caos.
Muito bem. O “mercado global” é como a Praça de São Marcos. E os pombos são como
os investidores. São nervosos, fazem montes de cagadas e precisam de controle ou
destroem tudo. E a qualquer sinal de perigo saem voando.
A praça precisa dos pombos, tanto quanto o mercado precisa dos investidores. E
os pombos precisam da praça. Sem a praça os pombos perdem. Sem os pombos, a
praça perde.
E na crise, como pombos, todo mundo está apavorado e recolhido enquanto os "sanitaristas"
aplicam superdoses de remédios e a esquerda tenta enterrar o capitalismo – o
doente que não morreu.
Sabe o que é que vai acontecer?
Já-já a crise de confiança começa a passar. Os pombos voltarão e a muita gente encontrará oportunidades fantásticas naquele excesso de remédios. E fortunas serão criadas sobre as que foram destruídas.
O capitalismo não morreu, o mercado não morreu. Como a Praça, estão lá à espera
do retorno dos pombos.
Um dia, num futuro distante, o mar vai tragar Veneza e a Praça de São Marcos. E
as pombas buscarão outra praça. Os “companheiros” dirão que é culpa do
capitalismo, que causou o aquecimento global que derreteu as calotas polares. E
continuarão pregando a morte do capitalismo e aquela utopia socialista muito bem
definida por um bispo anglicano chamado Mendell Creighton:
"Socialismo só será possível quando todos nós fomos perfeitos. Aí ele não será necessário".
Tem sido assim desde sempre.
Olha, eu também quero que todos sejamos perfeitos.
Mas enquanto somos só pombos vou dar uma voadinha até a Praça pra ver se acho uns milhozinhos.
Ps: Gil Collares não sou um pombo de verdade, não precisa ter medo de mim.
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